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10-02-2004

Tudo às avessas


Editorial

Quando Portugal corre assustadoramente para a cauda da Europa, o que se ouve e vê são chinfrineiras e barulho, muito barulho. Habitamos uma República medíocre e barulhenta e vemo-nos humilhados ao espelho dos outros.
Repare-se. A fazer fé no Relatório da Comissão Europeia, Portugal, a nível de escolaridade, ocupa os últimos lugares, não só a nível dos quinze estados que compõem a União Europeia, mas também a cauda dos futuros 25 países. Resta-nos um triste e miúdo consolo. Ainda não somos o último. Atrás de nós só Malta.
Mas, se o mal que é gravíssimo, fosse apenas este …mas o pior é que somos os que menos produzimos. Apesar de termos recebido carradas de benefícios, fundos da CEE, que foram naturalmente muito mal orientados, ao contrário de Espanha que nos deixou a léguas (e depois queixamo-nos da invasão dos produtos de nuestros hermanos…). Como nas escolas também aqui somos medíocres. (Por que foram também medíocres os governos?).
Como corolário de tudo, isto Portugal tem o PIB (Produto Interno Bruto) mais baixo da União Europeia.
O pior é que dá a impressão que estamos a andar para a frente, mas, como se vê, estamos a andar nitidamente para trás, depois de um pequeno salto. Talvez nem seja a andar para trás, mas ficamos parados e os outros países ultrapassaram-nos.
Onde somos bons é na vozearia, na regularidade das greves, na porta aberta às drogas, no atropelar os outros, no andar contra a mão, no olhar com desconfiança tudo o que cheire a reformas.
Os resultados estão à vista.
Medíocres quanto baste, perdemos tempo, quando só prestamos ouvidos à telenovela da Pedofilia (Casa Pia), a atingir outra dimensão, com a defesa exasperada, porque Carlos Cruz não veio, afinal, ainda, espalhar o seu sorriso pelas ruas e praças; quando ouvimos, pasmados, as truculências de Mário Soares que já tem idade e estofo para descansar sobre os louros, mais como presidente da República do que como primeiro ministro, e de Paulo Portas, que, em vez do silêncio, (neste caso a melhor resposta), ousou ripostar, sem fair play, com argumentos que não colhem aplauso.
Sabemos que um e outro procuram ajustar contas antigas. Portas "despediu" da Cruz Vermelha, com um processo pouco claro, Maria Barroso e agora a família Soares, ferida no seu orgulho, sempre que pode manda recados, dá alfinetadas. E Portas paga-se na mesma moeda.
Nada disto (tricas) tem interesse para o enriquecimento ou salvação da Pátria. Por estas ninharias se desce à perdição… Paulo Portas bem tem o exemplo de Durão Barroso que passa ao lado da questão e das picardias, embora reconheça a intenção de Mário Soares que, com os olhos nas eleições europeias, procura criar fissuras na coligação governamental. Mesmo quando Mário Soares afirma, a despropósito, que este governo é o mais à direita depois do 25 de Abril. Pouco falta para dizer que é um governo reaccionário. Conversa a cheirar ainda ao PREC.
Mário Soares envereda mesmo pela descabida presunção de que o governo está a desviar-se do espírito de Abril. Exactamente no pé de Carvalho da Silva que se adiantou nesta tese, esquecido que o tempo da revolução e suas trapalhadas já foi. Unha com carne, quem diria!
Em nome de Esquerda Unida com Carvalho da Silva na primeira fila e Mário Soares no andor.
Mas o mais arrepiante de tudo isto é ver como os deputados não têm nada mais importante para tratar. O PS apresentou na Assembleia da República uma moção de protesto contra o que, entretanto, produzia o deputado centrista Pires de Lima, ou seja uma moção de desagravo da honra ofendida de Mário Soares.
Não há tempo para tratar das coisas de interesse para o país, mas sobra tempo para protestos do género ou mesmo um minuto de silêncio em memória de Féher. Anda tudo às avessas. Ou damos para derreter-nos em gemidos e lágrimas ou, no outro extremo, para protestar por tudo e por nada.
Por exemplo, já não houve tempo, e muito menos disponibilidade, para as bancadas da maioria e do PS ouvirem os pedidos, os recados do presidente da República, Jorge Sampaio, que agora anda muito preocupado com a falta de patriotismo dos portugueses, (valor e referência que, lembremos, se vieram a apagar com o 25 de Abril) nem tão pouco os do grupo de personagens, de vários quadrantes políticos, que assinaram documento, fazendo ver a absoluta necessidade do Governo e Oposição se entenderem quanto ao Programa de Estabilidade e Crescimento) ou um pacto de regime.
Tudo caiu em saco roto. Ou quase. O grito de alarme de Jorge Sampaio, a preocupação do grupo dos notáveis. O PS ainda esboçou, inicialmente, disponibilidade para um entendimento, mas, animado pelas sondagens, não foi além desse tímido gesto. Sempre alegando que não foram ouvidos nem achados antes e que o Governo já tinha enviado para Bruxelas o Programa de Estabilidade e Crescimento. As intenções ficaram por casa, mesmo incluindo alguns pontos avançados pelos socialistas.
Em vez do consenso, o interesse partidário à vista. Em vez de um pouco de humildade de todos, o auto-convencimento de iluminados. Salvou-se uma recomendação no tocante a despesas públicas da Administração não dever crescer além dos 4%, tecto de despesas que se deve manter até 2010.
Vá lá, esta resolução mereceu a abstenção da bancada rosa.
O consenso, tão necessário, ficou-se por aqui. Num país cada vez mais atrasado, adiado e ingovernável.
Talvez por termos genes de muitas e desvairadas gentes.

Armor Pires Mota*

* Chefe de Redacção


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